Como despertar um sonâmbulo
Temos a imagem mais típica na cabeça, aquela em que um dormente se levanta da cama, com os braços estendidos para a frente, os olhos fechados, e caminha como se fosse um fantasma ou o monstro de Frankenstein. Assim é como o imaginário coletivo tem definido o sonambulismo. Uma espécie de transtorno muito mais habitual na infância do que na idade adulta. E um transtorno do sono do qual sempre surge uma dúvida e outra relacionada com essa: é bom despertar a pessoa sonâmbula? E, em caso afirmativo, como despertá-la?
O que é o sonambulismo?
É, sem dúvida, o transtorno associado ao sono mais famoso de todos os que existem. Uma parassonia tão popular, que até tem sido um mecanismo utilizado na literatura e na ficção audiovisual. Mas, o que é o sonambulismo?
Como dizíamos, a sua definição mais básica faria referência a um transtorno associado ao sono. Uma perturbação que consiste em pessoas que, estando dormidas, se levantam da cama e realizam ações ou movimentos. O dormente pode pôr-se a andar pela casa durante uns episódios que costumam ser breves (entre uns segundos e 30 minutos). O mais normal é que caminhem pela casa e incluso realizem algumas atividades bem quotidianas, como ir ao quarto de banho ou à cozinha, mover móveis, vestir-se, e mesmo sair à rua, nos casos mais extremos. Felizmente, raramente chegam a esses pontos mais perigosos para a sua integridade física.
No caso de não os despertarmos, os sonâmbulos costumam regressar à cama e continuar a dormir, como se nada tivesse acontecido. E, em outras muitas ocasiões, os dormentes que padecem deste transtorno do sono podem acabar dormidos em outros lugares da casa.
Quais são as causas que provocam o sonambulismo?
Uma das poucas certezas que existem, no que diz respeito à parassonia do sonambulismo, é que se produz durante uma das etapas que integram o ciclo do sono. Durante as horas que dormimos, passamos por cinco fases, que se dividem de duas formas. Como já referimos neste artigo, “podemos distinguir duas etapas diferenciadas, que são as do sono lento ou não REM, e a do sono rápido, ou também chamado REM. Estes períodos têm a particularidade de que se vão repetindo e alternando ao longo de cada noite”. O sonambulismo tende a produzir-se com maior repetição durante o sono profundo, que não produz movimentos oculares rápidos (MOR), e os sonhos são menos vívidos. Isto costuma ocorrer nas primeiras horas da noite.
Costuma-se dizer que o sonambulismo afeta em maior escala a população infantil, quando comparado com os adultos. E, ainda que seja acertado porque, conforme vamos crescendo, temos menos sono, há que ter em conta outra série de causas:
- Causas hereditárias.
- Consumo de álcool.
- Ingestão de sedativos e certos medicamentos, como os comprimidos para dormir.
- Transtornos mentais.
- Doenças como as convulsões.
- Transtornos neuro cognitivos, que provocam uma diminuição das funções mentais.
Pode-se despertar um sonâmbulo sem lhe provocar danos, ou pôr em perigo a sua integridade física?
Para além das causas, e mesmo da curiosidade em si, de ver uma pessoa caminhar dormida, a grande pergunta relacionada com o sonambulismo diz respeito diretamente a se temos que a despertar ou não. Sempre se disse que despertar um dormente sonâmbulo podia provocar-lhe um enfarte. É isto verdade?
Este falso mito, que nos acompanhou durante toda a infância, não é verdadeiro. De fato, segundo indicam muitos especialistas, é bastante difícil, para não dizer impossível, despertar um sonâmbulo. Em geral, os dormentes que sofrem com esta parassonia estão tão profundamente dormidos que não podem captar a nossa presença. E, muito menos, sentir as nossas tentativas para os despertar. O que, sim, pode acontecer é, ao tentar com muita insistência despertar a pessoa sonâmbula, pode fazer com que ela fique algo desorientada e angustiada.
O ideal nestes casos é, simplesmente, acompanhá-los à cama de maneira tranquila. Como se fôssemos um polícia no trânsito, indicar-lhes suavemente o caminho para a cama, para que voltem a deitar-se. E, como já deixamos claro, nem vão sofrer um acidente cardiovascular nem, muito menos, vão morrer durante este episódio.