Por que é que dormir muito dá dor de cabeça?
Durante o fim de semana, muita gente pensa em dormir e descansar como não o fizeram até agora. No entanto, poucas pessoas têm em conta um acontecimento algo estranho. Por que é que, quanto mais dormimos, mais cansados estamos? Dormir demasiado dá dor de cabeça? Ou incluso apenas dormir?
Enxaquecas, cefaleias em salva, ou cefaleias do tipo hípnicas. Por descansar sobre um colchão inadequado, e com uma almofada que se assemelha demasiado a um pesadelo. Stress, ansiedade e pressão laboral. Como pode observar, existem demasiados fatores que podem estar por trás de uma situação que ninguém quer viver na primeira pessoa: “tenho dores de cabeça quando durmo”.
Porque a dor de cabeça é mais do que uma moléstia, um mal-estar, um transtorno ou uma condição física, já que, muitas vezes, se parece mais com uma verdadeira tortura. E por uma combinação infinita entre os fatores anteriormente enumerados, a situação parece tornar-se mais insuportável, quanto mais dormimos. Para combater contra isso, analisamos as causas, consequências e possíveis soluções para um cenário que devemos impedir pelo bem do nosso descanso e, portanto, da nossa saúde.
As principais causas que provocam dores de cabeça ao despertar
Segundo dados da Sociedade Espanhola de Neurologia (SEN), a enxaqueca está presente nuns 5 milhões de espanhóis. Como infelizmente já sabemos, estamos a falar de uma enfermidade com diferentes níveis de gravidade, e que se converte numa das razões principais pelas quais nos dói a cabeça após dormir. Algo que se pode agravar cada vez que descansamos mais horas do que as previstas.
Iniciada no tronco cerebral, e difundida pelo tálamo, pelo hipotálamo e pelo córtex, a dor de cabeça provocada pela enxaqueca costuma ser intensa e estar associada com uma terrível angústia.
Continuando com as principais causas mais biológicas, médicas e físicas, encontramos os dois tipos de cefaleia: em salvas e hípnica. A primeira é caracterizada por dores intensas nos olhos e em ambos os lados da cabeça. Um mal-estar que pode derivar em congestão nasal e incluso num gotejar das fossas nasais. A segunda categoria de cefaleia, a despertadora ou hípnica, é habitual sofrer com ela depois de ultrapassados os 50 anos.
As dores de cabeça relacionadas com o dormir também podem estar associadas à própria narcolepsia, ou até à conhecida como apneia do sono. Em ambos os casos, o ideal seria consultar-se com o seu médico de família, de modo a conhecer como pode combater estas consequências físicas.
No primeiro dos casos, o da narcolepsia, esta é produzida durante a transição da fase REM e da fase de sono. No que diz respeito aos casos de apneia do sono, a maioria dos pacientes despertou-se com fortes dores de cabeça na manhã seguinte. É por isso que, na maioria dos casos, devido a essa alteração de serotonina e neurotransmissores, acabamos por despertar na manhã seguinte sendo vítimas de dor de cabeça.
O que é a ressaca do sono? A grande causa das dores de cabeça ao despertar
O outro principal motivo que provoca o aparecimento destas dores de cabeça que sofremos após dormir demasiadas horas está relacionado com o nosso cérebro: a ressaca do sono. Uma espécie de transtorno que se origina por uma alteração de neurotransmissores e de serotonina. Como?
Existe um ciclo que se repete a cada 24 horas, e ao qual chamamos ritmo circadiano. Quer dizer, as alterações físicas, mentais e comportamentais que seguem os processos naturais de luz e escuridão. Durante o mesmo, é enviada a informação necessária para as células do nosso cérebro, e que indicam a hora de dormir ou de se despertar. Se, após receber o sinal que há que deixar de dormir, o continuamos a fazer, o nosso cérebro sofre a chamada ressaca do sono, algo que provocaria essa dor de cabeça tão característica com a qual se pode despertar após dormir muitas horas.
Como podemos prevenir as dores de cabeça ao dormir?
A solução principal para as nossas cefaleias passa por reestabelecer um horário de sono habitual. Ou seja, devemos evitar essa alteração de neurotransmissores e de serotonina, que é produzida em épocas nas quais alteramos o nosso sono e o nosso ritmo de vida: época de exames, férias, fins de semana, etc. O nosso relógio fisiológico não deve ser alterado mais do que o habitual, já que, se o fazemos frequentemente, iremos acabar por alterar toda a rotina de sono que levávamos estabelecida até então.
A solução, além de manter um horário regular, passa por cuidar da nossa alimentação, evitando refeições abundantes ou de digestão lenta, e que nos façam ir para a cama muito mais tarde do que o habitual, assim como diminuir a quantidade de cafeína que consumimos ao longo do dia, com o objetivo de não adormecer mais tarde do que o habitual.
Dores de cabeça ao acordar: assim influi o conjunto de descanso na nossa saúde
Se é verdade que, como pudemos ver, muitas destas dores de cabeça podem ser provocadas por enxaquecas, cefaleias, ou pela denominada ressaca do sono, existe outra razão que pode derivar neste mal-estar matutino. Dormir sobre um equipamento de descanso inadequado, que não se adapta às suas necessidades, ou que já ultrapassou a década de uso, é sinónimo de dor de cabeça (além de outras moléstias físicas).
Para lá do colchão viscoelástico ou de látex, que nos podem ajudar a abraçar a Morfeu, a chave para evitar as dores de cabeça ao despertar pode ser encontrada numa almofada cujo toque e firmeza não se assemelhem aos de uma pedra. É que, muitas vezes temos a tendência a aceitar suportes duros ou que não facilitam a nossa posição ideal para dormir, algo que pode derivar num mau descanso. Por isso, após termos dormido muitas horas, temos a sensação de que não descansamos de forma adequada e, obviamente, iremos sofrer dessa dor de cabeça maldita.
Contarmos com um correto equipamento de descanso não depende só da escolha do colchão, mas também da mencionada almofada, ou incluso do suporte. E para além da cama, devemos transformar o nosso quarto numa instituição sagrada do descanso. Devemos cuidar da iluminação, e não ter o quarto na zona que mais ruído recebe de toda a casa.
Também não nos podemos esquecer da importância que existe por trás do uso indiscriminado dos dispositivos eletrónicos. É muito habitual deitarmo-nos e pegar no telemóvel, para verificar os últimos correios eletrónicos e ver as notificações que recebemos nas nossas redes sociais. A luz destes dispositivos provoca uma alteração dos nossos ritmos circadianos, e que pode afetar a higiene do sono. Evite o seu uso nas últimas horas do dia, e aposte por outro tipo de práticas: por exemplo, a leitura de um livro.
Em conclusão, e como já pudemos aprender ao longo deste artigo, não só será suficiente desfrutar do melhor conjunto de descanso possível. Também existem outros fatores que entrarão em jogo, e que nos podem ajudar a combater as dores de cabeça.
Obviamente, consultar-se com especialistas médicos, que nos assessorem e nos tratem. Além da medicina, cumprir com certa rotina, alcançar uma correta higiene de sono, levar uma vida saudável e, sobretudo, reestabelecer um horário de sono habitual. A combinação de todos estes conselhos vai-nos ajudar a dormir placidamente, e sem temores de sofrer de dores de cabeça ao dia seguinte. Sonhos felizes!