Os transtornos do sono na terceira idade
Os transtornos do sono na terceira idade são tão comuns como um passeio de fim de tarde, a vontade de brincar com os netos, ou a sabedoria que apenas os anos podem dar. Tal como encontramos aspetos tão bonitos e positivos, como os relacionados com a experiência e o amor, também descobrimos as doenças característicos da velhice. Com um crescimento exponencial deste segmento da população, é importante estabelecer certos padrões sobre quanto dormem, e a qualidade desse mesmo sono. Após uma vida inteira dedicada a cuidar de nós, o mínimo que merecem é que olhemos pela sua saúde, pelo seu bem-estar, e pelo seu descanso.
Como dormem as pessoas mais idosas?
Tal como quando nascemos e somos bebés, podemos dormir até 18 horas ao dia, conforme nos vamos tornando mais velhos, vamos perdendo qualidade de sono, até ao ponto de não podermos superar as 4 ou 5 horas. Isto deve-se a que a estrutura do sono é um elemento móvel, que se modifica ao longo da vida. Conforme as pessoas vão envelhecendo, a quantidade de horas do nosso sono lento (a fase I), e a fase REM vão diminuindo. Da mesma maneira, mas de forma inversa, aumenta o tempo de sono leve (fases 1 e 2).
Se tivéssemos que traduzir a uma linguagem mais popular o que nos sucede, basicamente é que quando chegamos à terceira idade demoramos mais tempo para adormecer, ao mesmo tempo que nos despertamos com maior facilidade. Uma combinação negativa, que transforma as suas noites num contínuo festival de despertares, fazendo com que se levantem quando apenas começam a aparecer os primeiros raios de sol.
O ritmo circadiano das pessoas mais idosas oferece diversos padrões comuns, que podemos resumir da seguinte forma:
– Adormecem mais cedo.
– São mais propensos a necessitar de uma sesta (ou várias).
– Maior nível de alerta diurno.
– Tendência a adormecer durante o dia.
– Mau humor.
– Baixo nível de concentração (o motivo principal pelo qual as pessoas mais idosas sofrem tantas quedas).
Os transtornos do sono mais comuns na terceira idade
As principais causas dos transtornos do sono nas pessoas mais velhas podem estar influenciadas pelas diferentes histórias clínicas que apresentem os mesmos. Quando chegamos a certas idades, aumentam as probabilidades de consumir determinados medicamentos, ou padecer de certas enfermidades físicas ou psiquiátricas. Circunstâncias que potenciam as possibilidades de padecer de transtornos do sono.
As doenças mais frequentes que podem alterar o sono são as seguintes:
Apneias do sono
Conforme vamos envelhecendo, as enfermidades relacionadas com o sistema respiratório aumentam, até ao ponto de afetar a uns 25% da população da terceira idade. É por isso que o transtorno do sono com maior prevalência é a síndrome de apneias-hipopneias do sono (SAHS, na sua sigla).
Este transtorno define-se da seguinte maneira: um quadro que aglutina uma excessiva sonolência diurna, diferentes transtornos cognitivo-conceptuais, problemas respiratórios, cardíacos, metabólicos, e episódios repetidos de obstrução da via aérea superior durante o sono. O SAHS, que afeta mais aos homens do que às mulheres, pode carregar consigo risco de complicações cardíacas, e cerebrovasculares. Entre as suas causas, encontramos desde certas enfermidades neurológicas degenerativas, a problemas mais comuns da idade, como anomalias da via aérea, passando pela vulgar obesidade.
Síndrome das pernas inquietas
A síndrome das pernas inquietas aglutina a sensação de formigueiro profundo nos músculos das coxas ou gémeos, e os movimentos repetitivos que podem ocorrer cada 5 a 40 segundos, agrupados em episódios de vários minutos (ou até horas). Padecer deste transtorno é sinónimo de movimento constante na cama, e necessidade de se levantar para caminhar. Apenas assim acalmam e aliviam o irritante formigueiro.
Obviamente, a síndrome das pernas inquietas durante o sono aumenta conforme nos vamos tornando mais idosos, até ao ponto de afetar a uns 45% de anciãos, e uns 35% de pessoas com mais de 65 anos.
Insónia
O transtorno de sono mais frequente entre as pessoas também o é especificamente entre as pessoas mais idosas da população. Até uns 40% de pessoas que superam os 60 anos vêem-se afetadas pela insónia. Um transtorno que pode trazer despertares frequentes, sono fragmentado, e fraca capacidade para adormecer.
Que a insónia seja tão tristemente popular, e que se estenda tanto entre esse segmento, deve-se à maior contribuição de enfermidades médicas, psiquiátricas, e os seus correspondentes fármacos.
Síndrome da fase avançada do sono
O que você conhece como deitar-se muito cedo pela noite, e levantar-se ainda mais cedo, tem um nome científico-médico, chamado síndrome da fase avançada do sono. Em que consiste? Além do feito em si mesmo, já mencionado anteriormente, este transtorno tão comum entre os anciãos potencia a relação entre a exposição à luz e os ciclos do sono.
Quando nos tornamos mais idosos, a secreção da melatonina pela glândula pineal vê-se diminuída, afetando assim os ritmos internos circadianos. Para o seu tratamento, ultimamente tem-se apostado por uma ingestão de melatonina de diversas formas. Através de ótimas doses desta substância, a síndrome da fase avançada do sono parece desaparecer parcialmente, sendo ainda assim muito polémico este tratamento revolucionário.
Transtorno da conduta do sono REM
Dentro da família das parassonias, a que com mais frequência afeta as pessoas com mais de 65 anos é o transtorno da conduta de sono REM (TCSR, na sua sigla). A TCSR caracteriza-se pela total ausência de atonia muscular durante a fase REM. Ou seja, os dormentes experimentam uma intensa atividade motora durante o sono REM, que oscila entre movimentos simples, a quase-intencionais e violentos.
Padecer deste transtorno da conduta de sono REM está estreitamente vinculado a outras enfermidades mentais, como a demência por corpos de Lewy, ou incluso o Parkinson.