Como ajudar as crianças com autismo a dormir melhor
Segundo se publicou em diversos estudos, como este publicado na revista Sleep e investigado pela Universidade Ben-Gurion de Israel, entre uns 40% e uns 80% das crianças que se encontram dentro do espectro autista têm dificuldades e problemas, tanto para adormecer, como para manter um sono constante. Referimo-nos a perturbações na hora de dormir, interrupções constantes no sono durante a noite, e também levantar-se mais cedo do que o necessário. Em definitivo, demasiadas complicações, que nos devem levar a buscar compreender melhor esta enfermidade e as suas consequências, com a finalidade de ajudar as crianças com autismo a dormir melhor.
Em que consiste o autismo infantil e quais são as suas possíveis causas?
O autismo, incluído o infantil, é um transtorno de índole neuropsiquiátrico que geralmente se manifesta durante os três primeiros anos de vida. Normalmente caracteriza-se por apresentar três sintomas recorrentes:
– Dificuldades na hora de comunicar-se, tanto a nível de linguagem, como gestualmente.
– Isolamento social severo.
-Realização de padrões estereotipados de conduta. Por exemplo, gestos e expressões que se podem repetir constantemente e sem nenhum tipo de variação.
No que diz respeito às suas causas, ainda que hoje em dia a ciência ainda não tenha podido determinar com exatidão as suas origens concretas, existem uma série de indicadores mais do que prováveis, que estão relacionados tanto com a genética como com o contexto ambiental. Pondo em destaque o genético, diversas investigações descobriram que certos genes estão relacionados com o crescimento desta enfermidade. E estudos mais específicos também demonstraram que os doentes com este transtorno neuropsiquiátrico dispõem de certas irregularidades em várias regiões cerebrais.
Para o diagnóstico do autismo infantil, existem uma série de indicadores que se podem dividir entre precoces (antes do primeiro ano de idade), e tardios (depois).
Entre os indicadores precoces encontramos sinais como o fato de o bebé ainda não ter balbuciado nenhuma palavra, não tenha apontado para nenhum objeto ou pessoa, siga sem estabelecer contato visual, não sorria, não responda à chamada pelo seu nome, ou tenha sido incapaz de mostrar recetividade de índole social.
Referente aos indicadores mais tardios encontramos o fato de que não tenha pronunciado palavras até aos 16 meses ou frases até aos 24 meses, a demonstração de desinteresse em fazer amigos, a incapacidade em manter uma conversa, demonstração de pouca imaginação, manutenção de rotinas que lhe geram angústia quando não se cumprem, e excessivo apego a determinados objetos ou brinquedos.
Guia para melhorar o sono às crianças com autismo
Regra geral, as crianças que se situam em idade escolar normalmente necessitam de entre 10 e 11 horas de sono. No entanto, algumas crianças que padecem de autismo infantil não têm necessidade de tantas horas de sono. Esta nota é importante na hora de conceber o descanso dos mais pequenos que se encontram dentro do espectro autista. Ainda que seja certo que pode gerar transtornos no sono, partir desta premissa resultará importante. Já que, deitá-los antes da hora pode endurecer os seus sintomas, ou até gerar novos problemas relacionados com o dormir. E, no pior dos casos, também pode originar outros transtornos como roncar, respiração agitada ou até urinar na cama.
Para ajudá-los a disfrutar de uma melhor higiene do sono, que os leve a ter o descanso que se merecem, existem uma série de conselhos, diretrizes e rotinas:
Proporcione-lhes o melhor ambiente para dormir
Tal como sucede com todas as pessoas, o quarto onde dormimos deve ser tranquilo, cómodo, com uma temperatura próxima aos 22 graus, ausência de ruídos, e escuro. Além disso, no caso das crianças com autismo, é importante fixar uma pequena lâmpada com uma luz muito ténue, e vestir-lhes um pijama cuja textura não os incomode.
Estabeleça uma rotina para os momentos antes de deitar-se
É importante que nos 30 ou 45 minutos antes de deitar-se disfrutem de uma rotina que possua atividades tranquilizadoras. Esta estabilidade ajudará as crianças a acalmarem-se, e por isso é importante mantê-la inalterável de forma diária. Por exemplo, o padrão pode contar com as seguintes atividades: vestir o pijama, utilizar o quarto de banho, lavar os dentes, ler uma história e deitar-se. Obviamente, deve-se evitar os estímulos visuais como a televisão e os demais dispositivos eletrónicos.
Mantenha um horário regular
Partindo das suas próprias necessidades, mas também da conciliação do seu próprio horário, fixe uma hora para deitar e outra para despertar. É importante que estas horas sejam as mesmas durante os sete dias da semana.
Ensine-os a dormir sozinhos
Este ponto carrega o mesmo nível de importância e dificuldade. Será um processo longo, que levará várias semanas, mas muito satisfatório. Para conseguir resultados, terá que ser constante e fazê-lo pouco a pouco. Por exemplo, se normalmente o deita e se senta na sua cama junto a ele, pouco a pouco terá de se ir afastando. ¿Como? Começando por passar a sentar-se numa cadeira junto à cama. Progressivamente, terá que ir afastando essa cadeira. Ao cabo de umas semanas, a cadeira terá que estar fora do próprio quarto, fazendo com que o contato visual já não exista. Além disso, terá que ir reduzindo a atenção que dá à sua criança, minimizando as conversas e os gestos.