Teletrabalha? A cama não pode ser o seu escritório
Chegou a pandemia, e com ela o confinamento. De repente, essa grande massa de funcionários que iam para as suas empresas para ligar o computador e conectar-se à Internet, puderam fazê-lo desde casa. Assim nasceu a democratização do trabalho à distância. Milhões de pessoas conectando-se desde suas casas, e procurando um lugar acolhedor, que pudesse encaixar como zona laboral. Os mais afortunados, com o seu próprio escritório. E os menos sortudos, pegando no computador desde qualquer lugar, e acabando projetos às 2 da madrugada. Mas, nem a cama pode ser o seu escritório, nem podemos alterar os horários regulares de antigamente. Então, como conciliar este novo status laboral?
O teletrabalho já preocupa a uns 30% de trabalhadores
Existem uma série de situações que alteram a ordem natural das coisas. E tal como os atentados de 11 de setembro mudaram a maneira como viajamos de avião, o maldito Covid revolucionou uma série de paradigmas sociais. Entre eles, a massificação do teletrabalho. O que antes apenas desfrutavam (ou sofriam) certos profissionais liberais (desenhadores, ou do mundo audiovisual), e alguns autónomos, hoje diz respeito a quase 30% dos funcionários atuais.
Se bem que é certo que o trabalho à distância conta com uma série de vantagens, nem tudo o que reluz, é ouro. Começando pelo positivo, o teletrabalho trouxe-nos o seguinte:
– Comodidade: não tem que ir de fato e gravata, pode trabalhar em pijama, e sentado no sofá, desfruta da comodidade do seu próprio lar…
– É mais económico: ao não se deslocar, não consome gasolina, ou o dinheiro que gasta em transportes públicos.
– Conciliação familiar e social: a flexibilidade nos horários, e o fato de trabalhar em casa, permite-lhe desfrutar mais dos seus entes queridos.
Apesar destes pontos positivos, o teletrabalho também esconde o seu reverso obscuro. Obviamente, a flexibilidade nos horários não só está feita de aspetos positivos, e também se pode virar contra nós. O fato de trabalhar desde casa pode ser sinónimo de acabar mais tarde, ou inclusive pela noite. É aí que aparecem certos contextos, que não só diminuem a sua saúde mental, mas também a física. E inclusive, o nosso descanso.
Por que trabalhar desde casa pode ser contraproducente para o nosso descanso?
Nos parágrafos anteriores já pudemos ver a sequência de fatos que leva do teletrabalho, aos problemas físicos. O que sucede é que as nossas casas não estão habilitadas nem desenhadas para suportar um dia a dia laboral. Em geral, as casas dispõem de divisões onde descansamos, e uma sala onde vemos televisão, ou comemos em família. É por isso que muitos dos trabalhadores à distância acabam por realizar as suas tarefas laborais em qualquer parte da casa.
Trabalhar na mesa da sala pode ter uma lógica, e é até prático. Porém, muitos dos novatos nisto do teletrabalho acabam por optar pelo sofá ou, o que é pior, pela cama. Imagine estar a realizar tarefas com o computador, desde o próprio lugar onde dorme todas as noites.
O stress psicológico que envolve o fato de trabalhar no mesmo lugar onde se descansa é provocado pela falta de conexão. Para o nosso cérebro vai ser muito mais complicado saber em que momento se concentrar, e em que momento se relaxar.
Além disso, trabalhar desde a cama é sinónimo de posturas corporais incorretas. Passar demasiadas horas numa posição estranha, com o computador apoiado no seu colo, pode provocar problemas musculares e lesões em articulações, pescoço ou costas.
Outro dos problemas em que caímos com o teletrabalho é a ausência de intervalos. Possivelmente, o fato de estar à distância e ter que fazer ato de presença online, pode levar-nos a realizar feitos que não deveríamos fazer. Algo que se transforma em 8 ou 10 horas, nas quais praticamente não nos levantamos, cansando assim a vista, o corpo, e a mente.