Por que bocejamos? Causas e Funções do Bocejo

Jul 3, 2025
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Bocejar é um desses gestos universais que todos fazemos, mas que quase nunca entendemos. E fazemos isso ao despertar, quando estamos aborrecidos, antes de dormir, e incluso quando alguém mais o faz perto de nós. É automático, involuntário e, para muitos, até contagioso. Mas, para lá da curiosidade ou do gesto social, alguma vez já parou para pensar por que é que bocejamos?

Este artigo da Maxcolchon explora o bocejo desde uma perspetiva mais humana e acessível: a sua fisiologia, o seu possível valor emocional, social e até evolutivo. Porque, ainda que pareça um simples estiramento bucal, o bocejo guarda mais segredos do que acredita.

O que é o bocejo?

Ainda que o façamos diariamente (e a maioria das vezes sem darmos conta), o bocejo continua a ser um gesto misterioso. Mas, o que sucede exatamente quando bocejamos?

Definição de Bocejo

O bocejo é uma resposta natural do corpo, que implica uma inalação profunda de ar, uma abertura ampla da boca, seguida por uma exalação lenta. Muitas vezes está acompanhado de estiramentos musculares, lacrimejar, ou incluso por sons guturais.

Bocejar é algo que fazemos desde que estamos no ventre materno, e que continuamos a fazer durante toda a nossa vida.

Características do Bocejo

Costuma durar entre 4 a 6 segundos e, ainda que possa parecer uma reação simples, implica a ativação de múltiplos sistemas: respiratório, muscular e neurológico. O interessante é que nem sempre se relaciona com o sono ou com o cansaço. Por vezes aparece em momentos de stress, tensão, ou incluso depois de rir muito.

Teorias sobre a Função do Bocejo

Durante anos, cientistas de todo o mundo têm tentado responder à grande pergunta: por que é que bocejamos? E a resposta não é única. Existem várias teorias, cada uma com o seu próprio peso.

Teoria da Oxigenação

Uma das ideias mais antigas sobre os motivos pelos quais bocejamos defende que serve para oxigenar o cérebro. Ao abrir a boca e aspirar uma grande quantidade de ar, supõe-se que aumentamos a quantidade de oxigénio no sangue e eliminamos dióxido de carbono. No entanto, alguns estudos mais recentes têm questionado esta visão, sugerindo que não é tão verdadeira quanto se pensava.

Teoria da Regulação da Temperatura Cerebral

Esta teoria tem vindo a ganhar força na última década. Investigações como as do psicólogo Andrew Gallup indicam que bocejar poderia ter uma função termorreguladora: ao inspirar ar fresco, ajudamos a arrefecer ligeiramente o cérebro, o que melhora o rendimento cognitivo e o estado de alerta.

Teoria da Vigilância e Alerta

Já lhe aconteceu que boceja mesmo antes de uma reunião importante ou numa aula especialmente aborrecida? É que o bocejo poderia funcionar como uma espécie de “reinicialização” do cérebro. Quer dizer, um mecanismo de ativação que nos devolve algo de energia ou de atenção exatamente quando mais o necessitamos.

Teoria da Comunicação Social e Empatia

Esta é, sem dúvida, a teoria mais fascinante. Numerosos estudos têm demonstrado que o bocejo é altamente contagioso e que está estreitamente vinculado à nossa capacidade de empatia. Quando vemos alguém a bocejar, o nosso cérebro vai imitar esse gesto de forma inconsciente. Acredita-se que esta reação pode ter evoluído como uma forma de sincronizar comportamentos em grupo: se um boceja, todos o fazem, reforçando a coesão social.

Bocejos em Diferentes Contextos

Nem todos os bocejos são iguais, nem sucedem todos pelas mesmas razões. Segundo o contexto, podem ter distintos significados e efeitos. Incluso os animais têm a sua própria forma de bocejar.

Bocejo e Estados de Saúde

Ainda que seja uma ação normal, um bocejo excessivo ou fora de contexto pode ser um sintoma de alerta. Transtornos do sono como a apneia, a insónia ou a narcolepsia podem provocar que bocejemos mais do que o habitual durante o dia. Além disso, também podem ser associados a enxaquecas, fadiga crónica, ou incluso a problemas cardíacos ou neurológicos, como a esclerose múltipla.

Bocejo em Animais

As pessoas não são os únicos seres vivos a bocejar. Golfinhos, cães, gatos, e incluso aves, também bocejam. Enquanto que, em alguns casos, como nos primatas, se observou que o bocejo poderia cumprir uma função hierárquica ou social, em outras espécies encontrou-se o bocejo contagioso, o que sugere que este comportamento poderia ter raízes mais profundas e partilhadas evolutivamente.

No caso dos lobos e dos cães, por exemplo, foi visto que bocejam de forma sincronizada e como uma maneira de reforçar os vínculos do grupo. Nos chimpanzés pode ter um papel, quer de comunicação, como de regulação do estado emocional. Por sua parte, em algumas espécies de aves, foi sugerido que o bocejo ajuda a libertar a tensão depois de uma situação de alerta.

Além disso, existem animais marinhos, como os peixes, que também exibem comportamentos similares ao bocejo, apesar de que a sua função ainda esteja a ser investigada. Em conjunto, estes exemplos reforçam a ideia de que o bocejo não é apenas um reflexo humano, mas sim uma expressão complexa da vida social e fisiológica do reino animal.

Conclusão sobre os Motivos Pelos Quais Bocejamos

Então, por que é que bocejamos? Como já pudemos ver neste artigo da Maxcolchon, a resposta não é única, mas sim fascinante. O que começou como um reflexo fisiológico foi evoluindo até se converter numa ferramenta social, emocional e até cognitiva. É algo que nos conecta com os demais, que regula a nossa atenção, nos arrefece o cérebro, e que nos recorda que algo necessita reajustar-se.

Bocejar não é sinónimo de aborrecimento. É uma resposta sofisticada do corpo e que, ainda que, de forma frequente, passe despercebida, cumpre funções tão subtis quanto poderosas.

O curioso é que continua a existir mistério. A ciência foi avançando, mas o bocejo ainda guarda segredos: por que é tão contagioso? Por que é que bocejamos antes de atuar ou de falar em público? Tem uma componente emocional mais profunda do que pensamos? O que está claro é que não é um mero sinal de sono: é uma forma mais de que o nosso corpo se expresse, e entender isso vai permitir conhecer-nos melhor.

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Equipa Maxcolchon

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