As grandes mentiras do descanso
“Já recuperarei o sono durante o fim de semana”. “Vou deitar-me já, e assim hoje durmo mais horas”. “Pois eu durmo todos os dias uma sesta de duas horas, e pela noite não noto diferença”. Quantas vezes já ouviu estas reflexões? Alguma vez se acreditou em alguma delas? Descobrimos as grandes mentiras do descanso. Essas lendas urbanas sobre o sono, que vamos escutando toda a nossa vida.
9 mitos falsos associados ao sono e ao descanso
1. Recuperar o sono durante o fim de semana
Existe um conceito ao qual chamamos dívida do sono, e que se refere à diferença de horas de sono que se produz, pela diferença do descanso entre os dias entre semana, comparados com o sábado e o domingo. Enquanto o ritmo impregnado de segunda a sexta nos leva a descansar pouco, ao fim-de-semana temos por hábito aproveitar para dormir mais. Porém, esta compensação que procuramos é menos efetiva e saudável do que pensamos. Ainda que possa ajudar a equilibrar de certa forma, o ideal e recomendável é dormir as mesmas horas todos os dias da semana.
2. Dormir sestas longas equilibra o nosso descanso
Outro pensamento muito recorrente, convertido em prática do sono. A nível médico e biológico, a única sesta saudável, e que nos ajuda a recuperar energias, ou facilitar a digestão, é aquela que não supera os 30 minutos. Pelo contrário, essas sestas maratona, que se traduzem até em vestir o pijama, desequilibram a nossa higiene do sono, e podem fomentar o aparecimento de insónias.
3. Deitar-se mais cedo, para ganhar horas de sono
Seguimos com as más práticas, herdadas de certa sabedoria popular, que já deveriam ter expirado. Não. Deitarmo-nos mais cedo não é sinónimo nem de dormir mais, nem melhor. Cada pessoa dispõe de um relógio biológico, e uma higiene do sono que não devemos alterar. Deitar-se antes é forçar o sono, e adormecer tem as suas próprias dinâmicas.
4. É bom dormir com a televisão ligada e o telemóvel ativo na mesa de cabeceira
Está cientificamente demonstrado que a luz que emitem os écrans dos dispositivos eletrónicos dificulta o nosso sono e descanso. E não é só que seja prejudicial que durmamos com o telefone ao lado, e a televisão ligada, mas também que o consumo de certos aparelhos (portátil, tablet ou telemóvel), deveria ser escasso durante as últimas horas do dia.
5. Não importa em que tipo de colchão durma
Até há um par de décadas, a maioria das pessoas dormia sobre o mesmo tipo de colchões. Não olhávamos muito mais além do tecido que o cobria, e optávamos sempre pelos modelos com molas. Aquele longínquo desconhecimento não caiu totalmente no esquecimento, e ainda há pessoas que apostam por colchões baratos, de marca branca, e cujos benefícios são medíocres.
6. O álcool ajuda a adormecer
Outra das grandes mentiras relacionadas com o descanso está relacionada com o consumo de álcool. As pessoas distorceram a imagem típica de alguém embriagado e dormindo. As intoxicações etílicas, além de serem tremendamente prejudiciais para a saúde, diminuem drasticamente a nossa qualidade de sono. Se é certo que o álcool lhe pode dar sonolência, o descanso que proporciona é mínimo, e de má qualidade.
7. Os roncos não são prejudiciais
Podemos cair no erro de considerar os roncos apenas como algo incómodo, que dificulta o sono do nosso parceiro, ou da nossa parceira. Mas é mais do que isso. Ressonar pode ser sinónimo de sofrer apenas de sono, ou de outros problemas relacionados com o sistema respiratório.
8. O cérebro desconecta quando dormimos
Por alguma razão estranha, existe a falsa crença de que o nosso cérebro entra em modo de pausa enquanto dormimos. No entanto, a realidade diz-nos o oposto. A atividade cerebral não para quando descansamos, e dedica-se a realizar funções de manutenção no nosso organismo, e a processar as experiências vitais do dia.
9. Nem sempre sonhamos
Uma coisa é não se lembrar do sonho, e outra muito diferente é pensar que há noites nas quais não sonhamos. Como já dissemos neste artigo sobre as fases do sono, as diferentes etapas repetem-se durante o descanso, fazendo com que inclusivamente possamos sonhar várias vezes.