A luz azul-violeta afeta o nosso relógio biológico
Hoje em dia, seja qual for a nossa idade, o mais habitual é passar pelo menos umas duas horas por dia em frente a um ecrã. Na verdade, em média, uma pessoa consulta o seu smartphone cerca de 150 vezes por dia.
Tendo em consideração que tanto o telemóvel, como o computador ou a televisão emitem esta luz, vale a pena ficar atento às consequências que isso pode ter na nossa saúde. É que esta luz azul pode ter consequências diferentes para a saúde: dores de cabeça ou fadiga ocular, entre outras.
O que é a luz azul?
Dentro do espectro da luz, o extremo com o menor comprimento de onda é aquele que corresponde à luz azul-violeta, entre 380 e 475 nanômetros. Além disso, também é importante diferenciar a luz azul-turquesa da luz azul-violeta. É que apenas este último é considerado prejudicial por estar mais próximo dos raios ultravioleta (UV).
Os ecrãs dos diferentes dispositivos digitais são fontes de luz artificial e, portanto, maiores geradoras de luz azul em comparação com outras fontes naturais de luz. No entanto, a maior fonte de luz azul é o sol e, além dos ecrãs, as lâmpadas fluorescentes e os LEDs também são conhecidos como grandes fontes emissoras de luz azul.
De qualquer forma, a luz azul que tendencialmente nos prejudica mais é a dos ecrãs, pelo simples facto de passarmos mais horas a olhar para ela. E isso pode afetar a nossa saúde ocular e o nosso relógio biológico.
A luz azul e a saúde ocular
Embora a pesquisa ainda não tenha determinado o quão prejudicial esta luz pode ser para o nosso organismo, existem alguns estudos que relacionam este problema com doenças oculares.
Tanto assim é que o desenvolvimento de cataratas poderia ser intensificado pela exposição prolongada à luz azul-violeta, embora ainda sejam necessárias mais pesquisas a este respeito.
Além disso, de acordo com testes clínicos realizados pela Essilor e pelo Instituto de Visão de Paris, foi demonstrado que a exposição prolongada à luz azul-violeta pode aumentar o risco de danificar a retina. Especificamente, a exposição prolongada a esta luz pode contribuir para o desenvolvimento da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI).
Sofrem desta doença cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo e é a principal causa de cegueira nos países industrializados. Além disso, espera-se um grande aumento nos próximos anos.
A luz azul e o relógio biológico
Centros de pesquisa como o Lightning Research Center (LRC) focam-se em determinar o papel que os smartphones, computadores e tablets desempenham na perturbação do relógio biológico dos seus utilizadores.
De acordo com pesquisas a esse respeito, os efeitos nocivos do uso de ecrãs de pequenos aparelhos por longos períodos, principalmente antes de dormir, são maiores do que os dos ecrãs de televisão que assistimos há décadas.
É que o nosso relógio biológico rege-se por fatores internos e externos do nosso corpo, como a luz, que suprime a melatonina (hormona do sono), que nos dá vontade de dormir.
É por isso que ultimamente se tornou mais comum usar aplicações como a f.lux ou o modo Night Shift para filtrar a luz azul nos ecrãs à noite. Embora, aparentemente, de acordo com um estudo do LRC, filtrar a luz azul criada pelos ecrãs reduz a supressão da melatonina, mas não resolve realmente todo o problema.
Com base nessa descoberta, os cientistas recomendam simplesmente desligar os ecrãs com luz própria pelo menos duas horas antes de ir dormir, que é quando o corpo começa a produzir melatonina.
E o principal problema, segundo especialistas no assunto, não é a luz azul: o problema está na regularidade do nosso relógio biológico e no seu ciclo sono-vigília. Atualmente, a nossa vida é definida por uma dessincronização absoluta entre o relógio biológico e o meio envolvente, o que causa doenças, falta de rendimento, interrupção do sono ou aumento da sonolência durante o dia.
Em qualquer caso, a luz azul-violeta dos ecrãs parece não ser uma grande aliada para o nosso descanso. Por isso, recomendamos que evite ao máximo o uso de aparelhos eletrónicos que emitam esta luz antes de dormir. Acredite ou não, o seu corpo vai agradecer!